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CRÔNICA
por Suzane



      Meu Deus! Que decisão difícil de ser tomada...       Viajo sozinha sem ele?
      Será por apenas dois dias. Um Sábado e um Domingo, em que, teoricamente não teríamos nada para fazer.

      Tomei coragem e resolvi deixá-lo em casa. Talvez ficasse mais seguro ali que acompanhar-me a outro país por apenas dois dias.

      Antes de ir embora, me despedi dele, que estava na cama. E, com sentimento de culpa, olhei-o pela última vez, repousando adormecido.

      Senti a diferença de correr para o ônibus e não tê-lo comigo. Eu me sentia mais leve, e comecei a achar que a decisão de não trazê-lo havia sido justa.
      Apesar disso, senti-me sozinha no trajeto para o aeroporto.

      Na sala de embarque, enquanto esperava, veio uma forte saudade. Eu olhava em torno de mim, e diversas pessoas, acompanhadas, tinham como se ocupar fazendo o tempo passar mais rápido. E eu sem ele... Pensei em telefonar, mas eu o havia deixado dormindo.

      Foi estranho estar no avião sem sua companhia, e recorri a jornais e revistas que estavam na minha frente, mas era difícil encontrar artigo interessante capaz de tirá-lo de minha cabeça.

      O vôo para Roma era curto e sem escalas. Chegando lá, o reencontro com os amigos no aeroporto me fez esquecê-lo por alguns minutos. Voltei a lembrar dele quando, no restaurante, fomos escolher uma mesa para sentar. Sem exigências, foi mais simples encontrar lugar. E o papo com os amigos me fez esquecê-lo por mais alguns instantes.

      Na hora de dormir, o pior momento. O quarto do hotel parecia grande demais para mim. Um vazio me tomou e a ansiedade cresceu. Foi difícil adormecer sem ter estórias, argumentos, nem ninguém para dar "boa noite"! Serão 3 noites sem ele...

      A jornada em Roma foi tranquila. Mais uma vez achei que estava certa, pois os passeios que fizemos não eram adequados para ele. Não descuidei de meu preparo físico, e a rotina de jantar em restaurante e caminhar por Roma à noite, me deixaram com a consciência um pouco mais tranquila.

      Ao chegar de volta ao hotel, no entanto, a solidão e o vazio voltavam a tomar conta de mim...

      2ª feira, peguei o primeiro vôo de volta para casa, por volta das 5 da manhã. Quanto mais eu me aproximava, maior a angústia de saber se ele estava bem, e como havia passado estes 2 dias.
      Quando entrei em casa, subi correndo as escadas em direção ao quarto, pois esperava que ele estivesse ainda sobre a cama. Abri a porta, e lá estava ele! Reluzente! Perfeito! Me esperando!


      Ah, meu notebook!... Que saudades!...


Escrita nos vôos LONDRES/ROMA/LONDRES em outubro de 98.

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