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CRÔNICA
por Suzane



      Nada pior que guerra. Tento não falar nisso, mas sim falar de coisas boas. Pois quanto mais falamos, mais enraizamos dentro de nós este sentimento de ódio, de vingança, de revolta. Não sou inconsciente nem fico a par dos acontecimentos. E muito menos acomodada. Apenas tento não deixar que a guerra tome conta do meu eu.

      Famílias estão brigando. Amigos estão brigando. Ficar discutindo "quem tem razão" se tornou papo de todas as mesas. A melhor maneira de evitar um mundo pior, é decidir entre família, como conduzir a educação de nossos filhos. Sem deixar de cultivar a paz, a harmonia e a união. Sem deixar de ter amor no coração.

      Agora veja: vou deixar de estar em paz com meu namorado, por ele ser meio contra os USA e a globalização? Porque vou brigar com ele se, no fundo, nossos objetivos de paz e harmonia são os mesmos? Não é melhor fazer algo para que a globalização não seja prejudicial a ninguém? Não adianta se dizer contra a globalização e pegar um avião para estudar no exterior. Adianta ser contra a globalização? Adianta ser contra o desenvolvimento? Adianta ser contra a tecnologia? É melhor fazer um suco de laranja no espremedor ou à mão? A quantidade de vitaminas perdidas será pior do que os benefícios trazidos pelo espremedor? Será que não é melhor conter o crescimento da população mundial, conscientizando-a? Será que não é melhor conter a ganância e a falta de amor no coração? Não podemos fugir para o meio do mato e voltar a ser índios.

      Com certeza nossa liberdade de escolher o que fazer e como agir é melhor do que a "igualdade". Precisamos de carro para nos locomover, de avião para nos locomover, de computador para nos locomover. Para ser solidário não é preciso ser limitado.

      Vivemos em comunidade, seja ela de qual tipo for. Fomos obrigados a comer o que nossos pais decidiam. Fomos obrigados a estudar matérias que os diretores da escola decidiam. Somos obrigados a acatar as leis que o condomínio de nossos prédios decidem. Somos obrigados a respeitar as leis que o governo de nosso país decide. Somos obrigados a utilizar um computador, se quisermos sobreviver. Alguém tem que ser líder. Alguém tem que ditar as ordens. E hoje já podemos reivindicar. Podemos optar. Mas não temos o direito de impor ou destruir. É claro que ninguém é anjinho. Mas nem pode ser, visto a quantidade de loucos inconsequentes que existem no mundo. Mas não precisamos estar deste ou daquele lado.

      O mundo está emocionalmente afetado. O que podemos fazer é cultivar o amor dentro de nós mesmos e das pessoas que nos cercam.

      Relaxe tua fronte, feche os olhos, relaxe os ombros, pense em amor e trate com carinho a próxima pessoa que chegar ao teu lado.


Outubro de 2001

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